2022. Apresentação
6 a 9 de dezembro 2022
Sobretudo a arte e a cultura sofrem quando se anunciam, como em nossa época, acontecimentos que mais se parecem com um redemoinho a assolar, estejamos falando da distopia pandêmica ou dos descalabros políticos. É causa nossa, no entanto, peneirar novos horizontes a partir do que ficou, criar os tempos necessários para deixar germinar resistências e encontros. Dialeticamente, se a arte padece, também em torno do pulsar que dela se escuta, torna-se possível juntar fragmentos vivos e férteis, para construir um mundo outro. É no espaço transitivo da memória, de Benjamin, na partilha do sensível, de Rancière, na urgência dos afetos, de Spinoza e Deleuze & Guattari, no pensamento que entrelaça imagem, cultura e realidade, de W. J. T. Mitchell e Mirzoeff, que esse movimento também se dá.
Pensando nessas questões, os programas de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual (PPGACV-UFG, Brasil) e Maestría en Arte y Cultura Visual (Facultad de Artes – UDELAR, Uruguai) apresentam o V SIPACV, com a temática: (en)volver. Em uma época em que a dissidência e a guerra voltam a ser uma discussão no plano geopolítico, o ano de 2022 se destaca por seus marcos nobres, o bicentenário da Independência do Brasil, o centenário da Semana de Arte Moderna, bem como, o aniversário de trinta e quatro anos da Constituição de 88, indiscutível divisa democrática do nosso regime político. Por isso, a necessidade de pensar a liberdade, a democracia e novos manifestos artísticos e pedagógicos.
Volver (voltar) não é verbo que faz retroceder, mas revisitar de forma auspiciosa momentos em que cabe nossa aposta para refazer o futuro. Como na canção da argentina Mercedes Sosa, volver é voltar à pulsão de vida jovial que enredando faz brotar esperança e ata destinos. Portanto, é preciso volver como quem “devolve uma imagem”, tal qual Georges Didi-Huberman (2015) apresenta ser a criação de um lugar do comum. Estar em conjunto, em relação e desfazendo as distâncias, elaborar e compartilhar conhecimentos que sejam mudanças no e para o coletivo. Por outro lado, imersos no presente, apesar de sua natureza, não podemos contar com um fio de Ariadne que faça aparecer o caminho milagroso, mais do que antes, é chegado o momento de juntar os fios, emaranhar experiências sensíveis, propor o entrelaçamento humano, (en)volver.
É tempo de engajar saberes e atores sociais, ocupar e reterritorializar espaços, desvelar ações e atos políticos e micropolíticos, imbuídos da latência e da potência necessárias para a transformação, começando, em pequenos passos, pelo agora. Mesmo através de uma proposição de Seminário que se mantém no formato remoto, mantemos o olho na presença, como uma forma de ver, mas também de deixar soar um perene chamado ao presente. Somos muitos e são muitas as vozes. Desse emaranhado que ressoe a riqueza das dissonâncias, pois apenas os estados de entropia se aplainam em novas ordens de coisas. Nesse contexto do V SIPACV, pelas diferenças e aproximações, temos expectativa de colher o amálgama e a união. É tempo de (en)volver.
Comissão de Organização do V SIPACV: (en)volver
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